Santo Antônio de Sant'Ana Ga

Antônio de Sant’ana Galvão nasceu em 1739, na cidade de Guaratinguetá, São Paulo. Filho do imigrante português Antônio Galvão de França e Isabel Leite de Barros, bisneta do bandeirante Fernão Dias Pais. Viveu até os 13 anos numa ‘casa grande’ em sua cidade natal com sua família onde tinham grande prestígio social e influência política. Foi mandado por seu pai para o Colégio de Belém dos padres jesuítas na Bahia onde permaneceu até 1756.

Pelos avanços vividos em meio aos padres jesuítas, decidiu tornar-se um deles, mas com a perseguição do Marquês de Pombal à Ordem, foi influenciado pelo pai a tornar-se franciscano. Aos 21 anos, renunciou à boa-vida para entrar no noviciado na Vila de Macacu no Rio de Janeiro.

Em 16 de abril de 1761, fez seus votos solenes se destacando pela sua piedade e outras virtudes. Em 1762, foi ordenado sacerdote e enviado ao Convento de São Francisco em São Paulo para aperfeiçoar seus estudos filosóficos e teológicos. Em 09 de novembro de 1766, fez seus votos perpétuos se entregando à Maria como filho e escravo.

Em 1770, foi confiado a ele o cargo de Confessor de um Recolhimento (Mosteiro) de piedosas mulheres em São Paulo onde encontrou a Irmã Helena Maria do Espírito Santo que tinha aparições de Jesus, que lhe pedia para fundar um novo Recolhimento.

Frei Galvão acreditou nas Aparições de Jesus à Madre Helena e no dia 02 de fevereiro de 1774 fundou o Recolhimento da Luz. Um ano após a fundação, a Madre Helena morreu, deixando Frei Galvão sozinho na direção do Recolhimento.

Ainda em 1770, foi convidado para fazer parte da Academia Paulista de Letras, chamada de "Academia dos Felizes". Na segunda sessão literária, realizada em março de 1770, Galvão declamou com sucesso, em latim, dezesseis peças de sua autoria, todas dedicadas a Santa Ana. Declamou também dois hinos, uma ode, um ritmo e doze epigramas. Suas composições são bem metrificadas e dotadas de profundo sentimento religioso e patriótico.

Entre 1774 e 1788, o Recolhimento (Mosteiro) passou por reformas que o deixaram bem maior e de 1788 a 1802 foi construída a Igreja da Luz no Recolhimento inaugurada em 15 de agosto de 1802. Hoje, a obra denominada Mosteiro da Luz foi declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Frei Galvão era um homem de constante Oração e dele provinham fenômenos como levitação e bilocação. Estando num determinado lugar, aparecia em outro para ajudar os enfermos. Era também procurado para curar doentes.
Numa dessas procuras, não podendo ir até o doente o Frei escreveu num papel a seguinte Oração: “Depois do parto, Ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus intercede por nós!”. Enrolou o papel como pílula e deu a uma jovem que sofria com cólicas renais. Imediatamente a jovem foi curada e expeliu um grande cálculo.

Escreveu esta mesma Oração em outras ocasiões onde não podia ir até os enfermos, alcançando assim, os enfermos, a saúde.

A partir daí, várias outras curas ocorreram e então as irmãs do Recolhimento tiveram que ajudar na confecção das pílulas.

Naquela época, uma mudança no governo da província de São Paulo trouxe um líder que ordenou o fechamento do convento. Galvão aceitou a decisão, mas as freiras se recusaram a abandonar o local e, devido à pressão popular e aos esforços do Bispo, o convento foi logo reaberto. Posteriormente, com o crescente número de novas irmãs, a construção de mais espaço de convivência se tornou necessária. Frei Galvão demorou 28 anos para construir um novo convento e uma igreja, sendo esta última inaugurada em 15 de agosto de 1802. Além das obras de construção e dos deveres dentro e fora de sua Ordem, Frei Galvão se comprometeu também com a formação das irmãs. Os estatutos que ele escreveu para elas eram um guia para a vida interior e para a disciplina religiosa.

Quando as coisas pareciam estar mais calmas, uma outra intervenção do governo trouxe uma nova provação para Frei Galvão. O capitão-mor sentenciou um soldado à morte por ter ofendido a seu filho levemente, e o sacerdote foi obrigado a se exilar por ter defendido o soldado. Mais uma vez, a pressão popular conseguiu revogar a ordem contra o padre.

Em 1781, Galvão foi nomeado mestre dos noviços em Macacu. Entretanto, as irmãs e o Bispo de São Paulo, Manuel da Ressurreição, recorreram ao superior provincial, escrevendo-lhe que "nenhum dos habitantes desta cidade será capaz de suportar a ausência deste religioso por um único momento". Como resultado, ele foi mandado de volta para São Paulo. Mais tarde, em 1798, Frei Galvão foi nomeado guardião do Convento de São Francisco, sendo reeleito em 1801.

Em 1808, Frei Galvão teria instituído a devoção a Nossa Senhora das Brotas em Piraí do Sul durante viagem missionária ao Paraná. Galvão, ao chegar às margens do rio Piraí, teria decidido passar alguns dias no povoado, se hospedando na casa de Ana Rosa Maria da Conceição. Antes de ir embora, deixou de presente a ela uma estampa de Nossa Senhora das Barracas. Ana Rosa colocou a lembrança numa moldura de madeira e fazia suas orações diante da imagem. Ficou viúva, se casou de novo e se mudou de endereço. Durante a mudança, a estampa se perdeu. Algum tempo depois, passando por uma região onde havia ocorrido um incêndio, ela encontrou o quadro entre as cinzas e os brotos da vegetação. A moldura havia se queimado, mas a imagem estava apenas chamuscada. O fato foi interpretado como um milagre e a notícia se espalhou pelo povoado. Como o povo já não se lembrava do nome original da imagem, rebatizaram-na de Nossa Senhora das Brotas e erigiram uma capela em sua homenagem.

Em 1811, fundou o Convento de Santa Clara em Sorocaba. Onze meses depois, retornou ao Convento de São Francisco, na cidade de São Paulo. Em sua velhice, obteve permissão do Bispo Mateus de Abreu Pereira e de seu tutor para ficar no Recolhimento que ajudara a criar. Veio a falecer naquele local em 23 de dezembro de 1822. Galvão foi sepultado na igreja do Recolhimento, sendo o seu túmulo até hoje um destino de peregrinação de fiéis que teriam obtido favores devido a sua intercessão.

Após a morte de Frei Galvão, as irmãs dos Recolhimentos fundados por ele continuaram confeccionando e distribuindo as pílulas milagrosas e em 1990 aconteceu o milagre que O levou à Beatificação.

 

1. Uma criança de quatro anos estava internada numa UTI, vítima de hepatite aguda colestática, já estava desenganada pelos médicos. Sua situação era bastante complicada, pois apresentava coma por encefalopatia hepática, consequência do vírus A, insuficiência hepática grave, insuficiência renal aguda e intoxicação por causa de metoclorpramida, hipertonia intensa nos membros inferiores e superiores, parada cardiorrespiratória, epistaxe, sangramento gengival, gematúria, ascite, progressivo aumento da circunferência abdominal, broncopneumonia, parotidite bilateral, faringite, além de dois episódios de infeção hospitalar (Staphylococus aureus e bacilo Gram negativo).

Na pior fase da doença, a criança ingeriu a pílula de Frei Galvão e foi milagrosamente curada. Em 08 de abril de 1997, o Frei foi beatificado pelo Vaticano, tornando-se o primeiro beato brasileiro graças ao milagre concedido à criança.

 

2. O milagre que O levou à Canonização aconteceu em 1999, quando uma mulher que tinha problemas sérios no útero não conseguia gerar uma criança. O feto só conseguia permanecer no útero até o quinto mês e processava um aborto espontâneo. Ao receber a pílula do Frei Galvão, a mulher conseguiu completar a gestação e dar à luz.

Infelizmente a criança nasceu com membrana hialina em quarto grau que é uma grave complicação pulmonar e teve de ser rapidamente encubada. A mãe que já havia recebido a graça do Frei Galvão novamente usou a pílula milagrosa e em menos de 24 horas seu bebê estava curado fechando o ciclo do milagre duplo.
Após a confirmação do segundo milagre, o Papa Bento XVI reconheceu Frei Galvão como santo em 16 de dezembro de 2006.

 

• Oração de Frei Galvão

Pai Santo, fiel remunerador daqueles que, nesta vida de exílio, buscam e trabalham para que em vida se cumpra a vossa vontade santíssima, pedimos humildemente a glorificação do Beato Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, concedendo-lhe socorrer a todos os que em suas necessidades, cheios de confiança, solicitarem a intercessão do "homem da paz e da caridade" e do filho devoto da Imaculada Conceição. Isto vos pedimos para a vossa maior honra e glória, por Cristo Nosso Senhor. Amém (Pai Nosso, Ave Maria, Glória).