Beato Bartolo Longo

Conhecido também como Bartolomeo Longo, Bartolomew Longo, Irmão Rosário, Fratel Rosário.

Nasceu em 11 de fevereiro de 1841 em Latiana , no sul da Itália.

Filho de um médico Longo, familia financeiramente bem, ele recebeu uma boa educação tanto secular quanto cristã e cursou a escola Piarista com a idade de 16 anos. Criado numa família piedosa eles oravam o rosário todas as noites. Um excelente estudante ele era notável em literatura, oratória, música, espada, dança e podia tocar flauta, piano e ainda dirigia a banda da escola. Incansável e inquieto era difícil ficar sentado durante as aulas. Estudou leis na Universidade de Nápoles e recebeu seu diploma em 1864. As aulas de filosofia foram ensinadas por um sacerdote que largou a batina e Longo mudou da indiferença religiosa para a hostilidade Ele participou em manifestações públicas contra o Papa e estudou ocultismo, magnetismo, espiritismo e tentou contatar espíritos através de médiuns. Passou a ser satanista e com um pouco mais de estudo tornou-se um sacerdote satânico.

A família de Bartolomeo e seu amigos se recusaram a abandonar o jjovem e oravam para que ele voltasse a ter os pés no chão e perdesse o seu interesse em Satã.

Vicente Pepe, um respeitável professor de sua terra natal o convenceu a deixar o ocultismo e um Frei Dominicano de nome Padre Alberto o guiou de volta a Igreja em um processo que hoje chamamos de "reprogramação". Longo finalmente recuperou seu senso e sua fé e tornou-se um terciário dominicano em 25 de março de 1871, tomando o nome de Fratel Rosário.

Bartolo deseja fazer algo para corrigir os erros do passado e começou a pregar contra o ocultismo em locais onde os estudantes freqüentavam. Padre Alberto o ajudou a fundar um grupo de jovens para trabalhar com os pobres. Vendo a terrível pobreza ele queria de algum modo ajudar, e teve a inspiração de que o Rosário seria a chave. Ele estabeleceu o Santuário de Nossa Senhora do Rosário no vale de Pompeia e usou para espalhar pinturas de Maria sob aquele título. Peregrinos vieram, milagres ocorreram, a multidão cresceu e mais tarde o bispo local pediu a Bartolo que construísse uma nova igreja. O trabalho começou em 1876 e foi terminado em 1887 e entregue a Igreja em 19 de fevereiro de 1894, e foi chamada de Basílica em 1901 pelo Papa Leão XIII.
Hoje recebe cerca de 10.000 peregrinos por dia.

Bartolo e Mariana, a viuva do Conde di Fusco, construíram outras  obras de caridade e instituições que se tornaram a Cidade da Caridade ou a "Cidade de Maria".
Para dirigir o Orfanato na Cidade de Maria, Bartolo  fundou as "Filhas do Rosário de Pompeia".
Ele fundou uma escola para os Filhos dos Prisioneiros, crianças cujos pais estavam na prisão, e a colocou sob a direção do Irmãos das Escolas Cristãs, também fundada por ele.
O sucesso da escola foi tal que, em 1922 ele fundou outra Escola de Moças, para as filhas de criminosos.

Como Bartolo e Mariana trabalharam muito tempo juntos, haviam várias especulações que os dois estariam envolvidos romanticamente. Para prevenir que o bom trabalho deles fosse manchado pelas especulações eles se casaram em abril de 1885, mas viveram juntos como irmãos, em celibato, guardando os votos de castidade.

Entretanto isto não foi o bastante para alguns e no início do século XX ele foi acusado de adultério, corrupção, desonestidade e até mesmo de insanidade. Em 1906 o Papa Pio IX pediu a Bartolo que se retirasse da direção da "Cidade" a bem da mesma e ele assim o fez, passando a direção para o papado e passou a ser um simples empregado comum da Cidade de Maria.

Mais tarde, em 1925 ele recebeu o titulo de "Cavaleiro da Guarda do Santo Sepulcro".

Faleceu em 5 de outubro de 1926 de pneumonia e foi enterrado na cripta da Basílica do Rosário, com sua esposa Mariana.

Em 26 de outubro de 1980 foi beatificado pelo Papa João Paulo II.

Sua festa é celebrada no dia 5 de outubro.

 

 

Numa manhã de outubro de 1872, um homem ainda jovem, profundamente preocupado, passeia pelos arredores de Pompéia. Nada lhe importam as históricas ruínas da cidade sepultada pela erupção do Vesúvio no ano de 79. Uma dúvida o atormenta: "Depois de uma vida péssima, arrependi-me e encetei o caminho da conversão. Mas... conseguirei salvar minha alma?"

Em determinado momento, uma voz interior lhe fala no fundo da alma: "Se queres salvar-te, propague a devoção do Rosário. É uma promessa da Virgem Maria".

Num sobressalto de júbilo, ele levanta o rosto e as mãos para o Céu e brada: "Ó Maria, se é verdade que prometeste a São Domingos que quem difunde o Rosário se salva, eu me salvarei, porque não sairei desta terra de Pompéia sem ter aqui propagado essa santa devoção".

Nesse instante soa o velho sino da igreja próxima, para o Ângelus de meiodia. O homem ajoelha-se, reza e chora. Chora

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           O corpo do Beato Bártolo Longo, na cripta do Santuário

de alegria, pois compreende que a Rainha dos Apóstolos acabava de lhe dar uma grande missão.

No coração de Bártolo Longo estava plantada a semente do futuro Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, centro internacional de irradiação dessa devoção mariana, e sede de várias obras de beneficência e de formação da juventude.

O reitor do Santuário, Pe. Francesco Soprano, o vice-reitor, Pe. Gennaro Gargiulo, e a chefe do departamento de imprensa, Dra. Loreta Somma, contam para nossa Revista a história do fundador dessa Instituição.

Vivacidade, inteligência e piedade

Bártolo Longo nasceu em 10 de fevereiro de 1841, em Latiano (Itália), e foi batizado três dias depois. Sua infância decorreu piedosa e feliz. Desde tenra idade, manifestou-se muito inteligente, de caráter ardente e decidido. Ele mesmo se definiu como "um menino vivaz, impertinente e quase travesso". Sabia imitar na perfeição os gestos, os sotaques e outras características das pessoas que conhecia.

A par disso, dava mostras de verdadeira piedade. Ouvindo tocar o sino anunciando a hora do Ângelus, interrompia imediatamente qualquer brinquedo e corria para rezá-lo junto de sua mãe. Quando fez a Primeira Comunhão, ficou imóvel durante uma hora e meia, agradecendo essa graça inapreciável. Uma pessoa indiscreta quis interrompê-lo e recebeu esta resposta: "A ação de graças a Jesus, que chega pela primeira vez, deve ser bem feita!"

Deixou de rezar... rolou no extremo do mal

Com todas essas qualidades, concluiu de forma brilhante seus estudos primários e secundários, recebendo aos 17 anos o diploma que o credenciava ao curso superior.

Todavia, nele se realçava sobretudo o temperamento apaixonado. Bártolo não era homem de meios-termos. Sua estrutura psíquica o conduziria ou ao extremo do bem, ou ao do mal.

Decidiu estudar direito em Nápoles. Longe de ser propícia à fé católica, a época era de negação e até mesmo de luta aberta contra a Santa Igreja. O racionalismo e o anti-clericalismo faziam devastações no meio da juventude. Professores ímpios usavam as cátedras universitárias para difundir filosofias atéias.

Nessa conjuntura, Bártolo dedicou-se com ardor aos estudos, às diversões, à música (tocava piano). Inteligente, elegante e de boas maneiras, vivia cercado de muitos amigos.

Não lhe sobrava tempo para a oração... Deus, a Virgem Maria, foram-se apagando até desaparecer de sua memória. Quando terminou seu curso de Direito, em 1864, estava inteiramente desorientado pelas teorias filosóficas do materialismo e do racionalismo.

Não parou aí. A perda da fé na divindade de Jesus criou em sua alma um vazio que ele procurou preencher recorrendo ao espiritismo. Extremista por natureza, tornou-se inimigo acirrado da Santa Igreja. Pronunciava conferências anticlericais e organizava manifestações públicas contra a religião.

Tal era seu ódio que decidiu fazerse "sacerdote" do espiritismo e submeteu- se a um duro regime de jejuns e mortificações corporais, com o objetivo de fazer uma consagração radical ao demônio.

Uma Confissão bem feita

Entretanto, por paradoxal que seja, durante todo esse negro período o jovem Bártolo não cessou de rezar o Rosário e, fato mais extraordinário ainda, conservou a virtude da castidade.

Se falsos amigos o arrastaram à perda da Fé, amigos autênticos foram instrumentos da Providência para reconduzi- lo à Casa Paterna.

Um destes, o Prof. Vincenzo Pepe - que Bártolo qualifica como "o amigo de minha alma, que o Senhor pôs a meu lado em todos os momentos críticos e decisivos de minha vida" - não hesitou em, numa hora oportuna, admoestar severamente o jovem advogado por sua péssima vida.

Fecundada pela graça, essa advertência surtiu efeito. Bártolo decidiu procurar o confessionário para se reconciliar com Deus. Dirigiu-se à Igreja do Rosário, em Nápoles, onde foi atendido pelo Pe. Alberto Radente, religioso dominicano. Era dia da festa do Sagrado Coração de Jesus, em 1865.

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O Beato Bártolo Longo apresenta ao Papa Leão XIII a maquete do San-
tuário de Pompéia (afresco desse Santuário)

O ex-inimigo da Igreja confessouse com profundo arrependimento. O Pe. Radente ficou maravilhado ante o poder da graça nessa alma, mas só lhe deu a absolvição depois de um mês de encontros para direção espiritual. Bártolo pôde, então, receber a Sagrada Eucaristia. Em seus escritos, ele contará depois: "Foi como fazer de novo a Primeira Comunhão, foi como se eu tivesse recebido um segundo Batismo!"

Inicia-se a grande missão

Bártolo Longo - homem de decisões radicais, como já foi dito - recusou vantajosas propostas de casamento, abandonou a carreira advocatícia e se dedicou às obras de caridade e ao estudo da Religião.

Tornou-se, com isso, alvo de grosseiras chacotas daqueles mesmos que antes aplaudiam e estimulavam suas atividades anti-religiosas. Mas elas produziram como único resultado um ato de reparação: "Devo reparar pelos meus pecados", dizia o convertido.

Algum tempo depois, travou relações com uma nobre dama napolitana, a Beata Catarina Volpicelli, fundadora das Servas do Sagrado Coração de Jesus. Esta o pôs em contato com outras pessoas de grande fervor, entre as quais a Condessa Mariana Fonseca, viúva do Conde de Fusco, proprietária de terras no Vale de Pompéia.

Por esse meio, a Virgem Maria o foi conduzindo para a realização da grande missão para a qual o havia escolhido. Em 1872 a Condessa de Fusco confiou- lhe a administração de suas propriedades nos arredores de Pompéia. Lá chegando, ele ficou profundamente chocado ante a miséria humana e religiosa dos pobres camponeses da região. Nada havia ali, a não ser uma pequena igreja, já muito arruinada e tão pobre que não tinha uma imagem sequer.

Sem tardança, dedicou-se à tarefa nobre e humilde de lhes ensinar o Catecismo, e à divulgação do Santo Rosário.

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Era a reconquista espiritual do Vale de Pompéia que se iniciava.

Uma obra grandiosa

Cresceu o número dos fiéis, a igrejinha tornou-se insuficiente, tornara-se necessário construir uma maior e mais

acolhedora. Por sugestão do Bispo de Nola, a cuja diocese pertencia Pompéia, Bártolo Longo começou uma campanha de coleta de contribuições. A pedra fundamental foi colocada em maio de 1876.

Choveram as doações, inicialmente de várias cidades italianas, depois, de quase todas as partes do mundo, deixando espantado até mesmo o Beato Bártolo. Nos arquivos do Santuário, conservam-se cinco volumes com quatro milhões de nomes de doadores!

Em 1894, ainda faltando alguns arremates de construção, o templo foi consagrado. Com o aumento constante do número de peregrinos, foi ampliado alguns anos depois.

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Fruto da fé e da caridade de um santo, e das contribuições de milhões de fiéis,
o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, tornou-se um foco de
irradiação da devoção mariana (acima à direita, a  esplendorosa  cúpula, e o
altar-mor; acima, a fachada com o campanário)

Quando, em 5 de outubro de 1926, faleceu Bártolo Longo, sua obra tinha já atingido proporções grandiosas. O Santuário tornara-se um centro internacional de propagação do Rosário, e fora elevado à categoria de Basílica Pontifícia, para onde os peregrinos acorriam aos milhões. E em torno dele estava construída uma cidade mariana, com numerosos institutos de beneficência.

O Beato Bártolo Longo é um dos poucos casos na história da Igreja em que um simples leigo é o fundador de uma comunidade religiosa. Em 1897 ele fundou as Filhas do Rosário de Pompéia, sujeitas à regra da Ordem Terceira de São Domingos, para dedicar-se ao cuidado dos meninos e das jovens. E perto já de terminar sua carreira nesta terra, fundou em 1922 o Instituto Feminino Sagrado Coração.

Na cripta do Santuário pode ser visto o corpo do Beato, posto numa urna de vidro, revestido da capa dos Cavaleiros de Malta.